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terça-feira, 26 de agosto de 2008

TOURO BRAVO




Em defesa do touro bravo.

Como toda a gente sabe, o único e verdadeiro valor genuinamente civilizacional que hoje nos rege é a hipocrisia. E é precisamente em nome da hipocrisia que os (putativos) defensores dos direitos dos animais defendem o fim das touradas e dos touros de morte. Porque se os (putativos) defensores dos direitos dos animais se preocupassem efectivamente com o sofrimento dos animais, deviam preocupar-se com os bois e não com os touros.



Com efeito, em três ou quatro anos de vida do touro, este apenas sofre cerca de 30 minutos, o tempo que dura a lide. O resto do tempo, não há animal que viva junto do homem que tenha vida que se lhe compare. Vive em liberdade, em estado selvagem, inteiro.
Por seu lado, a vida do boi é feita de sofrimento desde que nasce até que morre: capado, amarrado a uma manjedoira quase sem espaço para se mexer, engordado a toque de farinhas e hormonas, para morrer ao fim de 6 meses num matadouro qualquer e sabe-se lá como. É uma vida triste, curta e sem o mínimo de dignidade.



Mas isso não preocupa, obviamente, os tais (putativos) defensores dos direitos dos animais. Na verdade, pouco lhes interessa que a vida do touro seja muito mais longa, saudável e alegre do que a do boi. Porque o que, na realidade, os preocupa não é o sofrimento dos animais, designadamente, do touro, mas (suprema hipocrisia) o facto de os verem sofrer. E como o que aparece na televisão são os 30 minutos da lide...



Ora, os defensores dos direitos dos animais fariam melhor em preocupar-se com os valores civilizacionais que transformaram a vida de certos animais domésticos num espectáculo verdadeiramente degradante do que com as touradas que enobrecem e perpetuam a vida dos touros bravos, proporcionando-lhes uma vida de fazer inveja à dos seus primos bois.Acresce que, se é certo que a tourada é um espectáculo medieval, também é bom não esquecer que, nessa época, a sociedade se regia por valores bem diferentes dos de hoje, designadamente, a honra. Isto só para concluir que nem tudo o que é medieval é forçosamente negativo.Além disso, o fim das touradas significaria, pura e simplesmente, o fim dos touros bravos. E tal como as reservas naturais são o garante da sobrevivência de muitas espécies animais, também as touradas são o único garante da perpetuação da raça dos touros bravos. Não existe um único país que seja criador de touros bravos em que o destino destes não seja as touradas.



É óbvio que todos aqueles que clamam pelo fim das touradas têm a perfeita consciência de que, no dia em que isso suceder, os touros bravos têm os dias contados. Mas a sua extinção tão pouco os preocupa. Antes pelo contrário, desejam-na ardentemente. Só que, depois, não se percebe muito bem por que razão fazem tanto alarido com a extinção de outras espécies que só conhecem da televisão. Ou seja, à boa maneira portuguesa, choram pela extinção de espécies que nunca viram, enquanto contribuem decisivamente para a extinção daquela que têm ao pé da porta.


A Extinção dos Touros?


Quando num dos argumentos contra as touradas vejo isto escrito:
Independentemente de tudo isto, o mais importante é deixar claro que perpetuar uma espécie de animais apenas para que estes possam ser usados em espectáculos que se baseiam no seu sofrimento não é um acto nobre nem louvável. E muito menos favorável ao próprio animal. Se é para isso, que se extingam!
fico a pensar que raio de defensores dos animais são estes!
Será que realmente gostam de animais… já cuidaram de algum?
Vivo no meio de gente dos toiros e digo que são pessoas que amam os animais e sacrificam a sua vida para cuidar deles.

Obviamente que o comentário é bem vindo, mas merece uma análise, e pelos vistos uma explicação.

É necessário notar que esse excerto de texto pertence à página argumentos, mais especificamente ao item:

Se não fossem as Touradas e os seus adeptos, a raça dos Touros Bravos já estava extinta.

Tal como todos os outros itens dessa página, esta é uma reposta a “desculpas” – jamais se poderão classificar como “argumentos” – usuais que os aficionados gostam de declamar como justificação para a existência de um espectáculo bárbaro e que não tem justificação possível, muito menos nos dias de hoje.

Essa frase é precedida de outras que no seu conjunto, como se não bastasse a sua individualidade, refutam esse argumento tão patético.

Se não fossem as Touradas e os seus adeptos, a raça dos Touros Bravos já estava extinta.
Isto é evidentemente falso. Os Pandas e outros animais que correram risco de extinção nunca serviram para as Touradas e continuam a existir. Felizmente existem no nosso país reservas e espaços destinados a que determinadas raças subsistam caso os seus habitats naturais não o permitam. De qualquer forma com certeza de que os aficionados que dizem tanto amar os Touros se esforçariam para que estes sobrevivessem mesmo que não servissem para nada.
Independentemente de tudo isto, o mais importante é deixar claro que perpetuar uma espécie de animais apenas para que estes possam ser usados em espectáculos que se baseiam no seu sofrimento não é um acto nobre nem louvável. E muito menos favorável ao próprio animal. Se é para isso, que se extingam!

Ou seja, esta frase específica não é um argumento contra as touradas, mas sim um argumento que destrói um outro argumento absurdo, que tenta defender a existência das mesmas.
Isto significa que não é de modo algum aceitável que uma qualquer raça ou espécie seja criada – tanto no sentido da manipulação genética como da sua manutenção – apenas porque esta serve para ser explorada e abusada em actividades cruéis e que resultam no seu sofrimento e morte.
Possivelmente os fazendeiros ficavam radiantes quando as escravas tinham filhos pois viam nestes mão-de-obra, ou lucro se quisermos. Já as escravas não deveriam ficar felizes por estarem a condenar os próprios filhos a uma vida de exploração e sofrimento.

Em relação ao comentário:

fico a pensar que raio de defensores dos animais são estes!

Uma pessoa não gostar de ver (ou simplesmente ter conhecimento de que existe) um animal a sofrer, a sangrar, a ser torturado, a ser espancado, a ser morto, … não implica de modo algum que a pessoa seja considerada ou se considere defensora dos animais.
Hoje em dia esta preocupação está associada a outros conceitos como a educação, sensibilidade, cultura, respeito, altruísmo, …
Uma das características do ser Humano é distinguir o certo do errado, o bem do mal, pelo que bom que usufruamos dela.

De igual modo, uma pessoa não tem de gostar de animais para repudiar o seu sofrimento ou os actos de crueldade contra estes.
Ser indiferente aos animais, tal como ser indiferente a certas pessoas, não implica de modo algum ser indiferente ao seu sofrimento, a atrocidades ou injustiças cometidas contra estes.
Não me parece que eu tenha de andar a fazer festas a todos os cães pelos quais passo na rua para ter direito de me insurgir contra alguém que está a espancar um.

Por outro lado, dizer que se “gosta” de, ou até se “ama” um animal e mesmo que se “sacrifica a sua vida para cuidar dele”, quando o objectivo é na realidade sacrificar, maltratar, torturar e fazer sofrer esse mesmo animal, não é mais que um absurdo ou um pensamento doentio.
Claro que se pode tentar perceber o significado de “gostar” ou “amar” neste contexto. Certamente não é nobre, … ou o que se esperaria de tais palavras… Certamente que se enquadra mais na linha do fazendeiro que “gosta” dos seus escravos, ou do traficante ou violador que “ama” as crianças que negoceia, explorar ou abusa.
Sejamos realistas, “gostam” de lucro e “amam” o seu investimento que por acaso é um animal. Um animal bastante evoluído que sofre às custas deste “gosto”.

Será que realmente gostam de animais… já cuidaram de algum?

Apenas poderei responder por mim. Não os como, não os visto, não os uso. Não lhes faço mal. Sim, já cuidei e cuido de vários.

Curiosamente, os animais de que as pessoas normalmente cuidam não lhes trazem quaisquer benefícios económicos – directa ou indirectamente –, antes pelo contrário. Parece ser um gosto desinteressado… autêntico….
Dificilmente se acredita que estas pessoas se regozijassem a ver os animais de que gostam a serem espetados com ferros, a serem cruelmente torturados, a sofrerem até à morte…


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Como toda a gente sabe, o único e verdadeiro valor genuinamente civilizacional que hoje nos rege é a hipocrisia. E é precisamente em nome da hipocrisia que os (putativos) defensores dos direitos dos animais defendem o fim das touradas e dos touros de morte. Porque se os (putativos) defensores dos direitos dos animais se preocupassem efectivamente com o sofrimento dos animais, deviam preocupar-se com os bois e não com os touros.



Com efeito, em três ou quatro anos de vida do touro, este apenas sofre cerca de 30 minutos, o tempo que dura a lide. O resto do tempo, não há animal que viva junto do homem que tenha vida que se lhe compare. Vive em liberdade, em estado selvagem, inteiro.



Por seu lado, a vida do boi é feita de sofrimento desde que nasce até que morre: capado, amarrado a uma manjedoira quase sem espaço para se mexer, engordado a toque de farinhas e hormonas, para morrer ao fim de 6 meses num matadouro qualquer e sabe-se lá como. É uma vida triste, curta e sem o mínimo de dignidade.



Mas isso não preocupa, obviamente, os tais (putativos) defensores dos direitos dos animais. Na verdade, pouco lhes interessa que a vida do touro seja muito mais longa, saudável e alegre do que a do boi. Porque o que, na realidade, os preocupa não é o sofrimento dos animais, designadamente, do touro, mas (suprema hipocrisia) o facto de os verem sofrer. E como o que aparece na televisão são os 30 minutos da lide...



Ora, os defensores dos direitos dos animais fariam melhor em preocupar-se com os valores civilizacionais que transformaram a vida de certos animais domésticos num espectáculo verdadeiramente degradante do que com as touradas que enobrecem e perpetuam a vida dos touros bravos, proporcionando-lhes uma vida de fazer inveja à dos seus primos bois.



Acresce que, se é certo que a tourada é um espectáculo medieval, também é bom não esquecer que, nessa época, a sociedade se regia por valores bem diferentes dos de hoje, designadamente, a honra. Isto só para concluir que nem tudo o que é medieval é forçosamente negativo.



Além disso, o fim das touradas significaria, pura e simplesmente, o fim dos touros bravos. E tal como as reservas naturais são o garante da sobrevivência de muitas espécies animais, também as touradas são o único garante da perpetuação da raça dos touros bravos. Não existe um único país que seja criador de touros bravos em que o destino destes não seja as touradas.



É óbvio que todos aqueles que clamam pelo fim das touradas têm a perfeita consciência de que, no dia em que isso suceder, os touros bravos têm os dias contados. Mas a sua extinção tão pouco os preocupa. Antes pelo contrário, desejam-na ardentemente. Só que depois não se percebe muito bem por que razão fazem tanto alarido com a extinção de outras espécies que só conhecem da televisão. Ou seja, à boa maneira portuguesa, choram pela extinção de espécies que nunca viram, enquanto contribuem decisivamente para a extinção daquela que têm ao pé da porta.

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